O poeta nasceu dia 23 de abril de 1927, em São Paulo. Ainda
novo, aos 13 anos, atuava como passista-mirim na escola de samba do Morro das
Perdizes (a primeira escola de samba de São Paulo).
“O samba de São Paulo
vinha do interior, vinha das lavouras de café, e foi em um dessas lavouras que
Zé Maquininha pai de Zeca, aprendeu samba, congada, reisado. Era o samba
batuque, o samba de trabalho, o samba do toco” onde os negros resgatavam
sua identidade perdida nos navios negreiros com o som de seus instrumentos
peculiares, Zé Maquininha veio para São Paulo e trouxe junto consigo, o samba.
(Carica, Bassu, Xandy ao fundo, Edvaldo,
Patraozinho)
São Paulo
na época, buscava um desenvolvimento desenfreado com um projeto de extermínio
do povo negro e sua cultura, sendo assim, depois de viverem de forma
improvisada nas lavouras, partem para São Paulo morando mal morados na região
da Barra Funda, Bixiga, baixada do Glicério. Depois não sendo aceito na região central
pois se tinha para São Paulo “toda uma ordem elitista de se pensa o centro” os
negros assim se descolam para a periferia em um movimento urbanístico de
marginalização.
(Zizo, Dona Leonor, Renato Candido, Sonia, Akins Kintê, Primo Gabriela,
Bruna Anjos Gabriela Watson)
Com um
estilo próprio, o samba paulista acostumado à árdua vida nas lavouras de café deu
origem ao samba “durão” ou como nos diz o professor Hamilton poeticamente “um surdo descansado” puxado para o
batuque e decisivamente influenciado por outros ritmos fortemente percussivos,
como o jongo-macumba conhecido por caxambu.
(Gabriela Watson, Renato Candido, Akins Kintê, Prof. Hamailton)
Em São Paulo Zé maquininha, foi
capitão de congada e sua esposa Dona Chica foi ser a bandeira da congada, e
Zeca da Casa Verde nessa época uma criança, foi ser sentinela da congada.
Dessa época data o inicio da relação entre o carnaval e a violência: a
repressão policial sofrida pelos sambistas, feita de forma dura e descriteriosa.
Os sambistas, não só no carnaval, mais durante todo o ano, eram vistos como
vagabundos marginais duramente perseguidos pelas autoridades. Mais um fato é,
os meus velhos e antepassados nunca aceitaram essa perseguição e covardia de cabeça
baixa, tanto que no Itaim tinha grupos de negros brigões, negros que não admitiam qualquer desrespeito, e eu inocentemente
pergunto para o Toniquinho saia na mão
com os cara (policia) ele diz não nas
armas e tudo do jeito que eles quisessem tinha pra eles...
(Cassimano, Jefferson Jeff, Akins
Kintê, T-Kaçula, Bruna Anjos, Gabriela Watson, Teco)
E o Zeca caminhou por outros
caminhos brilhantemente que não só a musica como o teatro como atores junto com
Plinio Marcos participando de varias peças teatrais, tanto compondo samba para
a peça como interpretando. Chegou a escrever roteiros para TV, mais na época a
enchente arrastou o sonho.
(Rogerio Pixote, Akins Kintê, Dona Guga)
Outro lance
importante é as vestes dos irmãos essa preocupação, essa preocupação grande de
estar bem trajado, para eliminar qualquer
imagem de vagabundagem e o Thiago arremata a gente tem que mostrar pra cidade
que o sambista não é marginal que o sambista é malandro elegante. E essa ideia
me fez pesquisar sobre essa importância dos negros se vestirem bem, essa
preocupação vem dos tempos da escravidão inda mais com esse lance do calçado
vendo a importância que os irmãos têm de ter um tênis ou sapato bacana. O fato
que sempre diferenciou o senhor do escravo sempre, sempre.
(Toniquinho Batuqueiro, Akins Kintê)
O Jair Rodrigues no lembra da
humildade do Zeca da Casa Verde e qualidade musical de quando conheceu ele na
quadra do Rosas de Ouro, e homenageia cantando um samba.
(Akins Kintê, Jair Rodrigues, Renato Candido)
Na contramão de um sistema
repressivo a arte popular/negra era
passada de pai pra filho, a filosofia se aprendia na batalha, quando o Zé
Maquininha foi falar com Deus, o Zeca da Casa Verde teve que se virar fez
de tudo um pouco pela sobrevivência dando um duro na lida da vida. Mais entre
sonhos e realidade entrou para o samba de verdade o samba dos cordões. Foi pro
Morro das Perdizes depois para Camisa Verde e Branco, depois para o Morro da
Casa Verde onde tirou diploma de sambista, e o Morro foi para avenida com um
samba dele até hoje cantado nas comunidade carnavalesca “olha a moça na janela
que lindo é o sorriso dela” chegando a ser reconhecido como um dos criadores de
uma das melodias mais rica do brasil. E o Lig Lig me alumeia ,a melodia era muito forte eram sambas fáceis de refrão fácil. Bonito
memo é a Senhora dele dona Leonor e o Celso falando sobre a visita espiritual
da senhora inspiração o obrigando a escrever o poema que ela ia ditar. As palavras da Dona Leonor “é uma voz que
canta no meu ouvido” e o seu Zeca lança essa pro ano de 79, vamos transformar avenida num mar imenso de
cores e da um banho de alegria na tristeza pra sorrir e brincar na magia das
flores. Lindo ou não?
(Akins Kintê, Jefferson Jeff, Celso Lima, Bruna Anjos)
Pensando em Samba de São Paulo, é possível ser ver uma grande ausência
de registro cultural musical de poetas como Zeca da Casa Verde. Contrariando
essa lacuna formal, sobrevive a rica vivência de alguns senhores e senhoras que
conviveram de forma tão poética e sincera com o poeta Zeca da Casa da Casa
Verde, memórias essas que nos foram passadas ao longo de cada entrevista
feita.
(Maria Helena, Dicá, Mug, Jefferson Jeff, Gabriela Watson, Akins Kintê)
O acesso à obra de Zeca da Casa
Verde e informações sobre o momento histórico em que se finda a escravidão e a
vinda dos negros dos interiores para São Paulo é uma realidade apenas contada
por pessoas de mais idade, informações às quais, mesmo com a internet, temos
grande dificuldade em conhecer isso justifica esse projeto e o configura como
um grande "tesouro" ao qual todos agora, terão acesso.
(Quintal Quilombinho gravação Clip)