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InCorPoros- Por Jéssica Balbino

Literatura: Libido em foco
Akins Kintê e Nina Silva apresentam obra com poesias eróticas e críticas




Por Jéssica Balbino
Sabor de gozo. De foda bem dada. De saudade de uma boa rapidinha. De uma transa combinada. De um sexo por acaso. De corpos ainda ofegantes. De uma punheta bem batida. De sacanagem no ouvido. De sacanagem por telefone, e-mail, ao vivo. De putaria. De amor contido em doces segredos sexuais. De fazer amor. De trepar. De dar. De fazer sexo. De expor toda libido.
É assim – e talvez mais do que se consiga traduzir em palavras- o livroInCorPoros – Nuances de Libido – de Akins Kintê e Nina Silva.

Com prefácio poético de Lia Vieira, o livro encanta pela capa, pelo tamanho – o ideal -  e pelas poesias. Ora leves, ora vorazes, mas sempre com um toque musical, cultural, gostoso de ser lido. Um livro para ser saboreado. Ás vezes devorado. Com pressa e com calma, num vai-e-vém cadente, quase sexual.
Libido. Sentimentos à flor da pele. Corpos negros, que se entrelaçam em mãos brancas que seguram a obra. Que cadenciam o falo, que envolvem o leitor num sentimento de amor. O lixo exala vida. Exala o aroma do amor, do sentimento, do querer. É uma literatura palpável. É possível sentí-la e tocá-la, como a pele de quem se ama, de quem se trepa, de quem se quer estar junto.
Numa dança afro, ao som de tambores misturados com vinis e belas poesias declamadas num sarau imaginário, a publicação faz parte do Ciclo Contínuo de Literaturas e é mais uma iniciativa contemplada pelo programa VAI da prefeitura de São Paulo – SP. Em suas 80 páginas, traz saudades, momentos, intimidades, raivas, medos e deleites.

O veterano Akins Kintê, frequentador assíduo de saraus, co-autor do livro Punga, em parceria com a escritora e jornalista Elizandra Souza, une sua poesia e sua arte – ele é também documentarista e como se auto-intitula “operário da vida diária” com a de Nina Silva, a moradora do Rio de Janeiro que escreve desde os quatro anos de idade, é modelo, militante negra, além de ter sido co-organizadora do livro “Cada fio uma história”.

A obra traz também ilustrações de Marcos Santos Ferraz (Marcos zx) no miolo. A capa fica por conta de Iléa Ferraz.
Assim, numa literatura única, erótica, exótica, crítica, social, intensa, tensa e tesa, Akins Kintê e Nina Silva nos brindam com uma obra única, que transita entre a cultura negra, marginal e elitizada, sem qualquer problema, afinal, tudo que queremos, no final, é gozar. A nossa maneira, mas é o que queremos.
Portanto: boa leitura. Sem masturbação mental.
Avaliação CHH: Bom
Mais sobre o trabalho no blog: http://akinskinte.blogspot.com

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